quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Meta de redução de emissão de gases estufa para 2020 não será cumprida


Relatório da ONU indica que a concentração de gases pode ficar até 14% acima da meta
BRASÍLIA - Ainda que todos os países do mundo decidam agora ser mais ambiciosos nas metas voluntárias e obrigatórias de redução de emissões de gases de efeito estufa, não será mais possível atingir o compromisso firmado em 2010 de evitar que a temperatura no mundo suba mais que 2ºC  até 2020.
A terceira edição do Relatório sobre Emissões de Gases de Efeito Estufa, divulgada nesta quarta-feira, 21, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), mostrou, em um novo cálculo, que a concentração de gases do aquecimento global pode ficar até 14% acima do nível definido como meta para 2020. Segundo o estudo, em vez de diminuir, a presença de gases como o dióxido de carbono (CO2) está aumentando em torno de 20% na atmosfera, desde o ano 2000.

De acordo com o levantamento, a distância entre a atual situação, o que os pesquisadores projetam como cenário para 2020 e o que os cientistas consideram como índices ideais, é cada vez maior.
Há um ano, representantes de mais de 190 países se comprometeram, na África do Sul, com ações para conter o aumento da temperatura no mundo. Ao reconhecerem a necessidade de mudanças globais para minimizar problemas decorrentes das mudanças climáticas - como grandes enchentes e secas extremas, as economias concordaram em definir metas até 2015, que deverão ser colocadas em prática por todos os países signatários a partir de 2020.
Esse conjunto de metas foi chamado de Plataforma Durban e deve substituir o Protocolo de Quioto em oito anos. O acordo global, porém, segue ainda na teoria, sob ameaça de resistência ou dificuldade de países como Estados Unidos e China em modificar padrões como o da queima de combustíveis fósseis (responsável por mais de 60% das emissões dos países mais desenvolvidos). Além disso, muitas economias europeias ainda travam a definição de questões complexas, como a transferência de tecnologia e financiamento para que países mais pobres e em desenvolvimento consigam acompanhar as mudanças globais.
Veja também:

Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,meta-de-reducao-de-emissao-de-gases-estufa-para-2020-nao-sera-cumprida,963046,0.htm
Acesso em 22.11.2012

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Volume de resíduos urbanos crescerá de 1,3 bilhão de toneladas para 2,2 bilhões até 2025, diz PNUMA


Em meio a uma população mundial em rápido crescimento, os problemas de gestão de resíduos estão se tornando cada vez mais cruciais para a promoção da sustentabilidade ambiental, alertaram hoje (6) os participantes da reunião da Parceria Global sobre Gestão de Resíduos (GPWM), organizado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA), em Osaka, no Japão.
O PNUMA observou que os resíduos urbanos são um fardo crescente para comunidades em todo o mundo. Estatísticas do Banco Mundial estimam que o volume de resíduos deve crescer de 1,3 bilhão de toneladas para 2,2 bilhões de toneladas em 2025.
“As necessidades humanas básicas, como água limpa, ar puro e segurança alimentar são prejudicadas por práticas de gestão de resíduos impróprias, com graves consequências para a saúde pública”, advertiu um comunicado da agência de meio ambiente.
Apesar de reconhecer que este é um dos serviços mais complexos e de alto custo público, o PNUMA argumenta que a  gestão de resíduos é também uma oportunidade para o estabelecimento de uma área modelo para tornar a economia verde.
“Se tratada adequadamente, a gestão de resíduos tem um enorme potencial para transformar problemas em soluções e conduzir o caminho para o desenvolvimento sustentável através da recuperação e reutilização de recursos valiosos”, afirmou o comunicado.
O relatório de 2010 do PNUMA mostrou que, no norte da Europa, a reciclagem de uma tonelada de papel ou alumínio economiza mais de 600 kg e 10.000 kg de dióxido de carbono, respectivamente. Da mesma forma, um relatório de 2009 da agência revelou que há 65 vezes mais ouro em uma tonelada de celulares velhos do que em uma tonelada de minério.
“A oportunidade de negócio para a ‘mineração urbana’ é evidente”, observou o PNUMA. “O lixo importa.”

Acesso em: 08.11.2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Critérios para Informar sobre o Clima


A ONU define plano para que os serviços de informação sobre clima sejam mais precisos em suas previsões.

Agora existem diretrizes para o fornecimento de informações sobre o clima da Terra, suas conseqüências em diferentes campos, como saúde a planejamento para atender desastres. As diretrizes procuram organizar a área que vem preocupando muitos cientistas.

O setor de “serviços sobre clima” cresceu vertiginosamente nos últimos anos. Várias organizações e diversos profissionais usam modelos climáticos para aconselhar autoridades, políticos e outras pessoas sobre cultivo da terra, planejamento de infraestrutura e cuidados com doenças. Na primeira ‘sessão extraordinária’ da Organização Meteorológica Mundial (OMM) das Nações Unidas em Genebra, na Suíça, que terminou em 31 de outubro de 2012, membros da organização concordaram sobre o plano para implementar o ‘Framework Global para Serviços Climáticos’ para orientar a coleta e a divulgação das informações climáticas.

“É a primeira vez que a comunidade internacional se reúne para estabelecer diretrizes formais adequadas para previsões climáticas”, comemora Julia Slingo, cientista chefe do Escritório Meteorológico do Reino Unido em Exeter, que esteve profundamente envolvida no processo. “Esse é um verdadeiro marco, como quando o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas foi estabelecido”.

As diretrizes foram propostas em 2009. O acordo dessa semana é resultado de um longo período de consultas e negociações. Mais de 300 cientistas foram consultados, de acordo com Jerry Lengoasa, o vice-secretário geral da OMM.

Lengoasa explica que o framework se concentra em quatro áreas prioritárias: segurança alimentar, redução de riscos de desastres, acesso à água e saúde. Uma série de objetivos foi estabelecida, começando com projetos piloto de curto prazo para impulsionar a capacitação de pessoas no Níger, em Maliem Burkina Faso. Há ainda um ambicioso plano de dez anos para capacitar a maior parte dos 70 países que a OMM identificou como tendo pouca ou nenhuma condição de fazer suas próprias previsões.                                            

O framework permite que aqueles que precisam dos serviços climáticos avisem aos pesquisadores. “Com certeza será uma via dupla de informações”, acredita ele. Isso deve mudar o comportamento dos pesquisadores do clima, romper o isolamento e promover a interação.

Slingo aponta que os próprios cientistas podem se beneficiar ao se engajarem dessa forma. Como exemplo, ela aponta o projeto do Escritório Meteorológico que funcionou para prever chuvas na África. Apesar de isso ser vital para os fazendeiros locais, não é tipicamente do interesse de cientistas. Pesquisadores do Escritório Meteorológico descobriram que podiam fornecer previsões úteis, explica ela, e que “isso também mudou nossa ciência e nossos modelos”.

 Preocupações com serviços climáticos

A iniciativa da ONU vem atender à crescente preocupação de que fornecedores de serviços climáticos possam estar excedendo suas capacidades.

“A maior preocupação que tenho é usar modelos climáticos para projetar a mudança climática regional”, declara Judith Curry, diretora da Escola de Ciências Atmosféricas e da Terra do Instituto de Tecnologia da Georgia, em Atlanta. “Modelos climáticos demonstraram pouca ou nenhuma aplicabilidade aqui, os modelos globais não estão ajudando”.

Curry observa que as limitações de modelos são bem compreendidas pela comunidade de modelos climáticos, mas que a comunidade de serviços climáticos às vezes “parece aceitar esses modelos com base na fé” e que essa comunidade “desenvolveu uma indústria caseira que toma uma simulação do modelo climático e aplica no nível regional”. O principal foco, de acordo com Curry, deveria estar na melhoria dos conjuntos de dados.

Martin Visbeck, cientista marinho do GEOMAR, Centro Helmholtz para Pesquisa Oceânica em Kiel, na Alemanha, que se envolveu anteriormente no programa científico do quadro da OMM, concorda que algumas pessoas fornecendo serviços climáticos prometem mais do que podem cumprir. “É precisamente por isso que o Quadro Global de Serviços Climáticos é necessário. Para por essas ambições em perspectiva”, declara ele.

Slingo admite que os envolvidos nos serviços climáticos tenham que ser cuidadosos para administrar expectativas. Mas ela também aponta que o trabalho em si é vital. “Esse é o início de uma estrada muito longa”, reconhece ela. “Mas uma estrada necessária que precisaremos percorrer”. 

Fonte: Daniel Cressey e revista Nature. Disponível em: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/criterios_para_informar_sobre_o_clima.html   Acesso em 07.11.2012.