terça-feira, 18 de junho de 2013

Assembleia Geral da ONU discute impactos da acidificação dos oceanos




A Assembleia Geral das Nações Unidas está discutindo os impactos do aumento da acidificação dos oceanos. A reunião começou na segunda-feira, 17 de junho de 2013, e segue até a quarta-feira - 20 de junho de 2013.
As consultas servem como um fórum para os países debaterem os desafios do aumento da acidez nos mares, que é causado pelas emissões de carbono na atmosfera.
Segundo um relatório do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, os oceanos estão absorvendo 30% a mais de dióxido de carbono em comparação com os níveis do início da Revolução Industrial, há 250 anos.
Ao absorver os gases que estão na atmosfera, a acidez dos mares aumenta, ameaçando a sobrevivência de espécies marinhas. De acordo com a ONU, a acidez dos oceanos pode aumentar 150% até o ano de 2050. O nível é 100 vezes mais rápido do que qualquer mudança ocorrida no ambiente marinho em 20 milhões de anos.
Os países que participam do encontro da Assembleia Geral acompanham a apresentação de cientistas e pesquisadores que falam sobre o processo de acidificação, seus impactos e o que pode ser feito para reverter o quadro. De acordo com as Nações Unidas, ainda não existe nenhum acordo internacional dedicado especificamente à acidificação dos oceanos.

Acesso: 18.06.2013


quarta-feira, 12 de junho de 2013

FEPAM apresenta, tardiamente, Parques Eólicos já licenciados

Após o escândalo da venda de licenças ambientais descoberta pela Policia Federal, com a prisão do Secretario Estadual do Meio Ambiente e ex-presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (FEPAM/RS), a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), tenta retomar suas rotinas.
Assim é que, serão apresentadas pela FEPAM numa Reunião Técnica Informativa, dia 27.06.2013, em Rio Grande/RS, conforme edital publicado em 10.06.2013, no Jornal Agora, os Parque Eólicos do Corredor do Bolaxa e do Corredor do Senandes, apesar de já em fase de implantação, portanto, licenciados.
Tal medida parece ser uma tentativa (insuficiente) para sanar a não realização, pela gestão anterior da FEPAM (apontada por envolvimento em irregularidades no licenciamento ambiental), de Audiência Pública sobre tais Parque Eólicos.
Acontece que tais empreendimentos, uma possível alternativa ao aquecimento global, apesar de considerados como de pequeno porte pela FEPAM, são apontados, pela própria FEPAM, como causadores de diversos impactos ambientais sobre a avifauna e quirópteros (morcegos), de poluição sonora (ruídos) e de problemas de drenagem. A esses, ainda podemos elencar impactos relativos a interferência eletromagnética, danos ao ecossistema (notadamente de dunas), alteração da paisagem e ao uso e ocupação do solo.
Mas a preocupação maior recai sobre a morte de aves, que nos EUA chega a mais de 500 mil pássaros anuais, segundo uma pesquisa recentemente divulgada (http://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/05/energia-eolica-causa-morte-de-milhares-de-passaros-diz-pesquisa.html).
A Reunião Técnica Informativa, promovida pela FEPAM, às expensas do empreendedor, conforme as normas ambientais vigentes, tem por fim apresentar e discutir o Relatório Ambiental Simplificado (RAS), Relatório de Detalhamento dos Programas Ambientais e demais informações, garantindo a consulta e participação pública.
O direito a informação é um dever do órgão licenciador e um direito da sociedade, mas deve ser prévio ao licenciamento ambiental, sob pena de perda do seu objeto, uma vez que pouco (ou nada) se pode fazer de fato para correção dos impactos ambientais estando o empreendimento já licenciado e implantado, ainda que legalmente muito seja possível. O principio da prevenção não foi observado nesse caso, e o da participação já esta comprometido de forma grave. Nem o Conselho de Defesa do Meio Ambiente (COMDEMA) foi ouvido previamente ao licenciamento.

Por sua vez, o RAS, deve conter, no mínimo, conforme exigência do órgão licenciador:
A – Descrição do Projeto, com objetivos e justificativas e suas alternativas tecnológicas e locacionais, considerando a hipótese de sua não realização, especificando a área de influência;
B – Diagnóstico e Prognóstico Ambiental, considerando a incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios para sua identificação, quantificação e interpretação, bem como a qualidade ambiental futura da área de influência, considerando a interação dos diferentes fatores ambientais;
C – Medidas Mitigadoras e Compensatórias e os eventuais impactos que não possam ser evitados e Programa de acompanhamento, monitoramento e controle.
Fonte: CEA, Jornal Agora, FEPAM e CONAMA
Disponível em: http://ongcea.eco.br/?p=40000   Acesso em 12.06.2013

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Semana do Meio Ambiente Gensa e Facensa - Campanha de Recolhimento de Lixo Eletroeletrônico


Transformar lixo em riqueza depende primeiro do fabricante

O principal instrumento que permitiu aos países desenvolvidos ampliar de maneira significativa a reciclagem de resíduos sólidos, desde o início do milênio, é a responsabilidade ampliada do produtor (extended producer responsibility, na expressão em inglês). Relatório recém-publicado pela agência ambiental europeia mostra que a quantidade de lixo incinerada ou mandada para aterros reduziu e que a reciclagem, no continente, passou de 23% a 35% dos resíduos, entre 2001 e 2010, um aumento muito considerável.
Mais que isso: a Alemanha vem conseguindo descasar a produção de riqueza da geração de lixo. Relatório do Bifa Enrironmental Institute mostra que, entre 2000 e 2008 (portanto, antes da crise), o PIB, em termos reais, cresceu quase dez por cento, e o volume de lixo caiu nada menos que 15%. A intensidade em lixo da vida econômica, medida decisiva para avaliar a qualidade da relação que uma sociedade mantém com seus recursos ecossistêmicos, declina mais de 22%.
Maior riqueza e menos lixo: como isso é possível?
A responsabilidade ampliada do produtor ajuda a responder essa pergunta. O conceito, que hoje se encontra no âmago das políticas europeias e é adotado também em vários Estados norte-americanos, foi usado pela primeira vez em 1990 pelo pesquisador Thomas Lindhqvist num relatório para o Ministério do Meio Ambiente da Suécia. Vale a pena citar sua própria definição: “A responsabilidade ampliada do produtor é uma estratégia de proteção ambiental para alcançar o objetivo de reduzir o impacto ambiental de um produto tornando seu fabricante responsável pelo conjunto do ciclo de vida do produto e, especialmente, por sua coleta, sua reciclagem e sua disposição final”.
É claro que, para que isso ocorra, o consumidor tem que fazer uma separação correta, os comerciantes devem possuir dispositivos onde alguns resíduos serão colocados, e o governo precisa organizar a coleta nos domicílios. Mas é ilusão imaginar que o avanço europeu recente na redução do lixo e na elevação da taxa de reciclagem seja apenas devido ao nível educacional da população e à eficiência das prefeituras.
O fundamental, e que em última análise responde pelos bons resultados europeus, é a responsabilidade do fabricante pelo conjunto do ciclo de vida do produto. No caso francês, por exemplo, já existem 19 cadeias produtivas em que vigora um ecoimposto que contribui para financiar os sistemas municipais de coleta e reciclagem. Quem produz o detrito paga antecipadamente (e cobra de seu consumidor, é claro) por dar-lhe a destinação correta. Acaba de ser aprovada uma lei segundo a qual quem compra uma cadeira paga 0,20 euros por sua reciclagem futura e 4 euros para que um colchão não acabe na rua ou num rio. É uma prática contrária à que marcou o crescimento econômico do século 20.
Na prática corrente até aqui, a vida econômica se organiza de maneira linear, a partir do procedimento “pega-produz-consome-joga”. Os produtos vão do berço à sepultura e, para fazer novos produtos, recorre-se novamente a matérias-primas virgens, que alimentam processos produtivos, cujos resultados são consumidos e, em seguida, jogados fora. O problema é que não existe esse “fora”.
A escassez e o encarecimento das matérias-primas, as possibilidades cada vez mais limitadas de encontrar espaços para aterros e os custos exorbitantes da incineração abrem caminho a que os agentes econômicos passem a tratar como fonte de riqueza os materiais até então destinados ao lixo. Relatório recente da Fundação Ellen Macarthur fala em economia circular, em oposição à economia linear do “pega-produz-consome-joga”: a economia circular é aquela em que parte crescente dos resíduos é usada como insumo na fabricação de novos produtos.
Numa economia circular, a própria concepção do produto, seu design, já incorpora e amplia as possibilidades de recuperação e reutilização dos materiais nele contidos. Isso revoluciona, por exemplo, a maneira como são fabricados bens eletrônicos, cujas ligas devem prever recuperação e manuseio fácil, sem o que o destino de materiais, muitas vezes raros e preciosos, acabará sendo o lixo e, pior, o lixo tóxico, já que a separação dos componentes é muito difícil. Existindo responsabilidade ampliada do produtor, o fabricante exigirá de seus engenheiros um produto que, contrariamente ao que ocorre hoje, facilite o trabalho da reciclagem e, preferencialmente, o reuso da maior parte daquilo que o integra.
O trabalho da Fundação Macarthur mostra que, na Grã-Bretanha, a substituição de garrafas descartáveis de cerveja pela velha prática do depósito de vasilhame permitiria, por exemplo, a redução de 20% do custo total do produto. Onze Estados norte-americanos já adotaram leis que obrigam a volta dessa prática. O consumo de cerveja “one-way”, por exemplo, pode ser mais confortável, mas, se o seu custo real estiver incorporado ao produto, caberá ao consumidor saber se deseja, de fato, pagar por ele.
São exemplos importantes e que oferecem lições valiosas, neste momento em que, no Brasil, se estabelecem os acordos setoriais que vão dar vida para a nossa Política Nacional de Resíduos Sólidos. Acabar com os lixões, melhorar a situação dos catadores e ampliar seu papel no interior da política são objetivos decisivos. Mas a capacidade de a PNRS diminuir a produção de lixo e ampliar a reciclagem depende, antes de tudo, de mecanismos que estimulem os fabricantes a usar menos materiais, menos energia e propiciar à sociedade maiores oportunidades de transformar lixo em riqueza. É fundamental então que fique claramente esclarecida sua responsabilidade pelos resíduos ligados aos produtos que colocam no mercado.
Texto de Ricardo Abramovay - 04/06/2013
Acesso em 05.06.2013