terça-feira, 2 de julho de 2013

Importante termômetro politico, revista agora pede imposto sobre o carbono



The Economist argumenta que este é o modo de conter o aquecimento 










A grande maioria dos especialistas do clima partilha uma percepção: ele está mudando a uma taxa mais rápida do que se esperava. Concordam, também, que a deterioração das condições do planeta tem como causa primária as emissões de carbono pela queima de combustíveis fósseis.
Governos estão respondendo com muita lentidão a este quadro, e negociações se arrastam em meio a um redesenho geopolítico mundial. Não há uma bala de prata para resolver o problema, mas um número muito grande de economistas acredita que um imposto sobre o carbono é o jeito mais eficaz de desencorajar seu consumo e diminuir o risco de catástrofes.
O imposto sobre carbono é defendido por economistas em diversos pontos do espectro político – conservadores, como George P. Shultz, secretário de estado de Ronald Reagan ou, mais à esquerda, o prêmio Nobel Joseph Stiglitz e Robert Reich, secretário do trabalho no governo Clinton. O mesmo acontece com James Hansen, ex-principal cientista do clima da NASA, ou o vice-presidente Al Gore.
É muito simples, dizem todos. Segundo a economia clássica, os preços são de longe o modo mais eficaz de guiar decisões de produtores e consumidores. Não há um preço para os custos sociais dos efeitos das emissões de carbono, mas a imposição de um imposto enviaria uma sinalização de preços para desencorajar as emissões.
Em duas semanas, no final de junho, os dois maiores poluidores do mundo, Estados Unidos e China, anunciaram medidas abrangentes de redução de carbono. Elas são mais ambiciosas que as anteriores, mas não satisfarão o que se necessita para brecar o aumento implacável das emissões.
Depois de anos de negociações infrutíferas para um tratado global, os grandes poluidores resolveram fazer alguma coisa, e isto merece um crédito, diz aEconomist. É melhor do que nada, mas as medidas propostas não são as mais necessárias, e podem mesmo diminuir as chances de um tratado – as nações têm como alegar agora que estão se mexendo por si mesmas e que isto basta.
Ao analisar o quadro, a revista inglesa, talvez a maior formadora de opinião no mundo entre os conservadores, e anteriormente avessa ao imposto sobre o carbono, dá uma guinada surpreendente em sua posição e passa a defendê-lo, indicando mais um sinal de consenso que irá provocar ondas de discursos neste sentido, tanto no lado mais institucional como no mais operacional da economia. Afinal, diz The Economist, a China têm uma justificativa para suas ações baseada em preocupações com a saúde pública, e Obama agora usa “medidas de planejamento central soviético” por desespero, por não poder aprovar leis do clima no Congresso. Vai funcionar,  mas com muitas limitações.
“A coisa certa na política do clima para todos os países é um imposto de carbono, mais simples e menos vulnerável a flutuações nas emissões do que esquemas de captura e sequestro. Durante anos, tal imposto foi uma questão politica a ser evitada. Mas ele merece um segundo exame. As políticas ambientais atuais não irão manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC, um limite considerado como o máximo seguro por cientistas. Um imposto sobre o carbono, se for severo o bastante, faria isso. Os grandes poluidores devem ter em mente que ele chegará um dia, e se prepararem” afirma a publicação.
Foto: bass_nroll/Creative Commons