quinta-feira, 14 de junho de 2012

ESPERAR E DESESPERAR

ArtA conferência que começa hoje no Rio tem algumas propostas e muitos lamentos. Muita gente espera solução para o aquecimento global. Alguns querem urgência em proteger espécies ameaçadas ou profunda discussão sobre floresta. Nada disso vai acontecer. Tanto as mudanças climáticas, como biodiversidade e floresta têm fóruns próprios na ONU e é neles que serão buscados os acordos.
O que sobra para discutir? O tema lançado na Conferência de Estocolmo, em 1972, ganha o topo da agenda: desenvolvimento sustentável. Definido à época como desenvolvimento que nos garante recursos para a sobrevivência, sem ameaçar as gerações futuras, passa por novo debate. Segundo notícias de Nova York, onde houve a última reunião, os países estão discutindo ainda nova definição. Até o momento, têm 25% do texto. À definição vai ser anexada preocupação de inclusão social. Sustentável é desenvolvimento que abre mais empregos verdes.
Outro tema a ser debatido é economia verde. De um lado, haverá gente achando necessário colocar preço nos serviços ambientais. De outro lado, a natureza não é mercadoria. Sem preço nos serviços de um rio ou mesmo da mata como pedir indenização à empresa que o destrói? O problema central é financiamento de projetos. Em 92, se empacou aí. Escandinavos queriam 1% do PIB dos países desenvolvidos para projetos no Terceiro Mundo. A Alemanha saltou fora, tinha que soerguer o lado oriental. Agora é a crise econômica na Europa e nos EUA.
Meu palpite é o de que vai se chegar à definição ampla de desenvolvimento sustentável e que haverá promessas de financiamento, sem compromissos rígidos no horizonte imediato. Num período em que os estados se enfraquecem e os governos tremem de medo, o único caminho é o avanço da sociedade. A Rio+20 pode ser sucesso como foi a Rio+92. Ela funcionará como espécie de alerta e quase todos os nomes que participam dela vêm para dizer que é hora de mudar.
Fonte: Fernando Gabeira, jornalista, Especial para o Jornal Metro, 13/06/2012

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