segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Tartarugas marinhas são ameaçadas por vírus raro


Veterinário Leo Foyle, da Universidade James Cook, trata de tartaruga infectada pelo vírus que produz tumores
Um vírus que produz tumores está dizimando a população de tartarugas-verdes da Grande Barreira de Corais, situada ao norte da Austrália, onde a sobrevivência da espécie corre perigo pela falta de alimentos e pela deterioração ambiental do habitat.
Algumas tartarugas afetadas pela doença sobrevivem durante certo tempo quando os tumores são externos, mas os tumores causam também perda de visão, o que dificulta cada vez mais o animal a buscar alimentos e fugir dos predadores. Quando os tumores são interiores, eles obstruem os órgãos até provocando a morte do animal.
Uma vez contraído, o vírus pode ficar incubado durante anos, assim como a herpes labial nos seres humanos, mas qualquer circunstância estressante vivida pela tartaruga pode motivar sua manifestação, dizem especialistas.
As tartarugas-verdes (Chelonia mydas), animais que povoaram a Terra há mais de 100 milhões de anos, foram consideradas como espécies em perigo de extinção em seu habitat natural, os mares tropicais e subtropicais.
Capazes de viajar 2,6 mil quilômetros na época de migração, essas tartarugas habitam várias áreas do norte da Austrália, entre elas a Grande Barreira de Corais, uma das grandes reservas mundiais de fauna marinha.
Fatores como o desaparecimento de alimentos, a progressiva poluição da água, doenças, o desenvolvimento urbano no litoral australiano e o uso das redes por parte dos pescadores aumentam a ameaça da espécie.
Estresse ambiental – Há sete anos, os especialistas descobriram que o novo inimigo da tartaruga-verde é uma doença denominada “fibropapilomatose”, um herpes-vírus que produz tumores na superfície e muitas vezes no interior do animal, explica a pesquisadora Ellen Ariel, da Universidade James Cook (Austrália).
Por isso, segundo ela, os cientistas acreditam que a doença seja causada por “estresse ambiental”, e aparentemente muitas tartarugas doentes ficam em zonas específicas. A pesquisadora acrescenta que o desafio agora é determinar a origem da doença.
Neste ano, no nordeste australiano, houve grandes inundações e a passagem do ciclone “Yasi”, desastres que custaram muitas vidas de tartarugas-verdes, diz o diretor-executivo da representação australiana da ONG internacional WWF, Dermot O’Gorman.
Muitos leitos vegetais litorâneos, considerados uma importante fonte de alimentos das tartarugas-verdes, foram cobertos com sedimentos e poluição depois das inundações e da passagem do “Yasi”.
Nessas condições, as tartarugas doentes não têm a energia para buscar alimentos e morrem. “Muitas tartarugas sobreviveram, mas agora estão morrendo devido aos prolongados períodos de crise de fome”, conta Ellen.
Estudos recentes revelam que mais da metade das tartarugas-verdes que habitam a baía Brisk, no litoral da Grande Barreira de Corais, tinham fibropapilomatose, em um nível altíssimo se comparado com as que vivem em outras zonas, nas quais a incidência do vírus é de 5%.
O fato de o vírus ser quase endêmico na baía de Brisk levantou a hipótese de que o detonante da doença poderia ser o uso de pesticidas e outros poluentes industriais.
Segundo o WWF, tanto na baía Brisk como em outras partes do mundo, entre elas a Flórida (EUA), o vírus está mais presente em áreas próximas aos assentamentos humanos.
Comunidades aborígenes, autoridades, a Universidade James Cook e o WWF uniram forças na região da Grande Barreira de Corais para tentar salvar as tartarugas-verdes e realizar estudos, incluindo a etiquetagem que permite identificar os animais, para poder assim analisar a fundo suas doenças. (Fonte: Portal iG)

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